Quem é você quando a gira termina e o portão do terreiro se fecha?

Em uma roda cheia de médiuns umbandistas o assunto mais falado é a incorporação. Cada um falando da força que sente, o brado do seu caboclo, da risada de seu Exu.

Pouco se fala do que se faz fora dali.

Quando a gira termina e as portas dos terreiros se fecham a mediunidade não passa e a caridade não deve parar.

Muita gente respeita o caboclo parado em sua frente, mas não cuida da natureza que o rodeia.

Gargalha com Exu e Pomba Gira dentro do terreiro, mas perde o respeito do lado de fora.

Ajuda consulente enquanto incorporado, mas vira a cara pra quem pede ajuda na rua todos os dias.

Senta e conversa com um preto velho, mas fora de lá tem falas e atitudes racistas, e não faz o mínimo para aprender e mudar.

Come bolo com o Erê, ri e brinca na festa de Cosme e Damião, mas quando sai de lá esquece que Erê existe ou questiona sua força por se apresentar como uma criança.

É tão fácil falar que é Umbandista, é tão fácil tudo isso do lado de dentro do portão.

E quando a gira termina?

E quando o portão se fecha?

E quando ninguém (encarnado) está olhando?

Cada um tem seu próprio caminho, cada um trilha sua evolução no seu próprio ritmo, eu sei e todos sabem. E não estou falando sobre ser “perfeito”, pois somos todos passíveis de erros. O problema real é que muitos acham que evolução e caridade não se estende do lado de fora. Que o respeito pela umbanda, entidades e Orixás é somente quando estamos na frente deles.

Orai e Vigiai a si mesmo, irmão. Umbanda não é brinquedo, caridade não é hobbie para praticar duas vezes na semana, mediunidade não é sinônimo de “salvação” e a evolução nunca para.

( Texto por ✍️ umbandanaalma)

Picture of Pai Thiago de Ogum

Pai Thiago de Ogum

Dirigente espiritual e geral da Casa do Pai Chico...

Compartilhe nas mídias

Comente o que achou:

plugins premium WordPress